A vitória da democracia
Como a era das trevas foi combatida e a ordem democrática foi completamente restaurada no Brasil
Nós vencemos!
Após um breve período de ameaças contra a invejável democracia brasileira, ela finalmente voltou com força total! Lutamos bravamente para que as coisas voltassem a ser como antes, mas ainda temos muito trabalho a ser feito! Esse texto irá resumir algumas das vitórias conquistadas nos últimos anos, depois que escrevemos esse texto inicial:
Não se engane achando que foi fácil. Todos os resultados obtidos até aqui foram duros e tivemos que sacrificar mais algumas futuras gerações gerando dívidas impagáveis, mas valeu a pena: estamos mais fortes do que nunca. E como conseguimos tudo isso?
A conquista das massas
É muito fácil agradar o brasileiro médio, pois o principal interesse da população está em pular carnaval, assistir futebol e BBB. Tudo isso não aconteceu da noite para o dia, foram muitas décadas de doutrinação em massa para que o objetivo final pudesse ser atingido de termos um rebanho tão obediente. Mas os últimos anos foram especiais pois empurramos até o limite do que antes seria considerado um atentado às liberdades individuais, e mesmo assim o povo aceitou.
Nessa lista, temos:
Parlamentares presos por falarem coisas que incomodaram a democracia
Jornalistas tendo redes sociais banidas e contas bancárias bloqueadas sem terem nem acesso aos inquéritos e as leis que desobeceram
Uma rotulação em massa de “fake news“ para qualquer tema ou opinião proibida pela democracia; apenas os órgãos oficiais do governo e os nossos jornalistas podem falar o que quiserem livremente sem medo de represálias
Censura prévia de documentários durante o período eleitoral (essa aqui foi ousada!) e proibição de repercutir fatos acontecidos dias antes que pudessem desfavorecer a democracia
Cassação de parlamentares que receberam enxurradas de votos usando interpretações peculiares da lei eleitoral
Criminalização excessiva de opiniões contrárias: até mesmo um rapaz maconheiro precisou se exilar pois o seu podcast de fundo de quintal estava atentando gravemente contra a ordem democrática
E como o povo aceitou tudo isso calado? Bom, nós somos muito bons nisso. São muitas décadas de experiência. É tão óbvio que chega a ser engraçado como as forças das trevas são amadoras nesse quesito.
Formação de influenciadores coordenados e alinhados ao regime
Isso aqui foi fácil demais. Antigamente, as elites intelectuais eram formadas pelos maiores pensadores de uma sociedade, havia uma hierarquia natural de representantes e propagadores de idéias que guiavam a população para uma evolução natural das idéias e costumes, e isso influenciava na música, na arte, na literatura e no comportamento. Mas quando você tem uma população cada vez mais idiota doutrinada, tudo o que você precisa é comprar o apoio de youtubers e artistas. A parte mais divertida é que o artista/influencer não precisa ter talento nenhum, pois usando o dinheiro dos pagadores de impostos você consegue impulsionar qualquer pessoa a um status de famoso e essa pessoa será eternamente grata (e dependente) de quem o ajudou a se tornar alguém “importante“. Por isso, bastou despejar rios de dinheiro nas mãos corretas e absolutamente qualquer idéia democrática começou a ser normalizada na consciência coletiva.
Obviamente que não tínhamos todo esse poder financeiro durante essa era das trevas, mas nós demos a nossa palavra. Prometemos e cumprimos que todos que nos ajudassem a retomar o poder seriam devidamente recompensados. Tivemos artistas que fizeram esforços inimagináveis para isso. Lembre-se que o poder da democracia não é apenas local, temos aliados poderosos como George Soros e Klaus Schwab que trouxeram até artistas internacionais que ajudaram a guiar o pensamento coletivo para os nossos objetivos.
E conseguimos! Veja bem, no mundo atual as pessoas não buscam mais se aprofundarem em temas complexos para formarem as suas opiniões. É muito mais fácil você seguir seus influenciadores favoritos e repetir as mesmas posições deles. A opinião se tornou um produto de supermercado: você passeia rapidamente pelo tiktok/instagram, escolhe as embalagens mais bonitas e está formado o seu pensamento crítico. Portanto bastou que nós comprássemos (democraticamente, é claro) os artistas e dessemos a pauta pronta do que eles precisavam dizer durante cada semana. Mais fácil que tirar doce de criança. Aliás, o objetivo fica muito mais fácil quando a gente já foca diretamente em ensinar a democracia diretamente para as crianças.
Aparelhamento de todas as instituições públicas
Se existe uma coisa que pode atrapalhar muito o funcionamento da democracia é quando temos muitos órgãos públicos com diferenças de opinião. Todos sabemos que um pensamento uniforme é essencial para que possamos fortalecer à sociedade em direção ao futuro que gostaríamos. Sendo assim, uma das maneiras mais eficazes de conquistar esse sonho é tomar todos os espaços: ministério público, sistema judiciário, reitoria das universidades, currículo escolar, escolas de economia e direito (até mesmo psicologia). E como conseguir isso? Aqui mais uma vez ficamos até surpreendidos com o amadorismo e incompetência de nossos inimigos. É extremamente óbvio que conquistar posições de poder formais não significam absolutamente nada se você não se consolidar primeiro nas camadas mais abaixo da pirâmide. E o que os oponentes da democracia fizeram no curto período que tiveram o poder? Abandonaram a pauta cultural completamente. Deixaram as escolas nas mãos dos nossos mais ferrenhos defensores democráticos. Colocaram nas instituições mais poderosas pessoas do nosso time (kkkkk) e se acovardaram com o nosso poder. Isso foi até inesperado para nós, pois sabíamos que ainda assim o inimigo tinha um apoio popular enorme, mas ele decepcionou todos os seus seguidores múltiplas e múltiplas vezes. O saldo disso foi extremamente positivo para que pudéssemos finalmente restaurar a ordem democrática: de repente, os nossos inimigos elevaram a covardia a um patamar de virtude. Mesmo hoje em dia, quando eles organizam protestos eles são proibidos pelas próprias lideranças e pares de levantarem cartazes reinvidicando suas pautas. Estamos literalmente no paraíso que sempre sonhamos!
Nessa brincadeira, ao assumirmos o poder nós aproveitamos também para dar a cartada final: mandamos prender a maioria dos arruaceiros que incomodaram a democracia, e chegamos a um patamar tão elevado de ousadia que começamos a prender sem nem ao menos ter justificativa. Isso seria motivo para revolta popular instantânea em outros tempos, mas felizmente nós usamos o poder da impressora de dinheiro e despejamos muito dinheiro para que os jornalistas e influenciadores convencessem a população que estava tudo bem. E já que estávamos aqui, por que parar? Desmontamos também as instituições que antes representavam uma esperança para os fascistas. Forças armadas e polícia federal se tornaram mais um braço armado no combate às ameaças democráticas; revertemos a prioridade para que o objetivo agora fosse prender, investigar e monitorar opiniões divergentes. Isso aqui foi especialmente delicioso! Remover qualquer esperança futura de que um dia algo ou alguém poderá ter poder suficiente para reverter a situação atual foi um golpe sem precedentes contra as forças antidemocráticas. Eles agora vivem sem esperança e num estado constante de revolta. Todo castigo é pouco para aqueles que quiseram destruir o futuro!
Uma peça teatral para justificar tudo
Aqui foi uma cartada de mestre! Ao percebermos que o poder precisava ser retomado rapidamente, nos inspiramos nos amigos estadunienses e copiamos exatamente a mesma idéia: tivemos um evento fabricado de “false flag“ para justificarmos a maior perseguição e opressão que esse país já viu.
É claro que copiar o trabalho do vizinho acaba tendo algumas falhas de execução, mas já sabíamos que seria fácil contornar qualquer coisa tendo a mídia em nosso bolso. E foi o que aconteceu. Ficou muito claro para a população mais racional que a maior parte do que houve naquele dia especial foi pura encenação. Realmente tivemos muitas falhas óbvias de execução, pois deixamos vazar alguns vídeos internos do sistema de segurança antes de destruírmos todas as provas da farsa, e naqueles pequenos trechos já havia material suficiente para invalidar a nossa tese, com até representantes da democracia claramente abrindo as portas e deixando o caos acontecer de maneira devidamente planejada. Alguns atores foram muito mal contratados, como o rapaz que destruiu aquele relógio antigo de maneira extremamente caricata. Mas o objetivo final foi muito bem concluído: para reprimir qualquer tipo de protesto antidemocrático futuro, precisávamos dar uma punição extremamente severa até mesmo em pessoas inocentes, para que ninguém nunca mais tenha a coragem de sequer cogitar fazer algo parecido. Lamentavelmente nesse processo tivemos que destruir a vida até de pessoas idosas. Mas esse é um sacríficio que nós tivemos que fazer para que a nova ordem dure por muito tempo sem ser ameaçada.
Empobrecimento programado
Assim que assumimos de volta o poder, colocamos em pleno funcionamento o nosso plano mestre para esmagar a classe média. Sempre dissemos que a classe média burguesa é a nossa inimiga principal, mas graças ao apoio da mídia nós convencemos muitos deles que éramos a melhor opção. Foi como um agricultor votando num gafanhoto. Rapidamente nós iniciamos todas as iniciativas para que possamos em breve alcançar um nível democrático tão grande quanto existe na Venezuela ou como havia antes na Argentina antes dela ser destrúida por aquele fascista repugnante de cabelo engraçado. Estamos elevando a arrecadaçao em um ritmo tão grande que temos basicamente um novo imposto sendo anunciado por dia. Esmagamos também a livre iniciativa informal que sempre foi por natureza extremamente antidemocrática por fugir da nossa tradicional CLT e evitar a contribuição sindical e social obrigatório, colocando impostos cavalares na importação e destruindo negócios do dia pra noite.
Para que a encenação possa ficar mais plausível, colocamos um camarada expert no instituto principal de estatísticas, aquela que comanda os números oficiais da inflação. Devemos sempre agradecer ao companheiro Keynes por ter formulado uma estratégia tão brilhante de criar toda uma escola de economia baseada em dinheiro controlado pelo governo e equações malucas que distorcem totalmente a realidade. Assim a gente é livre pra imprimir dinheiro a um nível estrondoso mas declarar que a inflação oficial é muito menor do que essa diluição monetária, criando metodologias complexas e nebulosas para declarar o número que queremos. Ah e claro, agora com toda a compreensão internacional adquirida pelo nosso camarada que está copiando graciosamente o modelo chinês, sinônimo de transparência e confiança.
Esse tipo de manipulação não consegue dar muito certo se temos uma internet livre para que as pessoas se expressem e mostrem a realidade do mercado. Por isso, já colocamos os nossos melhores agentes para convencerem a massa de que está tudo sob controle.
Outra ferramenta muito poderosa que dominamos com maestria nos últimos anos é a capacidade de alienar pessoas com pautas completamente desconectadas da realidade, mas que mexem bastante com o emocional. Os nossos parceiros comerciais mais amigos (os campeões nacionais e ironicamente os bancos) estão totalmente engajados nessa luta, tornando o ambiente de trabalho uma espécie de culto ao mundo moderno. É cada vez mais comum que o proletariado seja convencido a assistir palestras sobre a vida difícil das pessoas trans, micro-agressões no dia-a-dia, termos racistas e outras coisas que ajudam a distrair dos verdadeiros problemas do mundo e convencer de que aquele preço alto no supermercado acontece por conta de um bondoso governo que busca cuidar de toda essa gente sofrida. Se a gente não preencher o vazio existencial do mundo moderno com alguma pauta, essas pessoas podem ser facilmente cooptadas para o radicalismo fascista: indo para a igreja, criando famílias fortes e numerosas e buscando outras fontes de idéias que não seja definida pelos nossos camaradas.
Quais as ameaças que ainda restam?
Tomamos espaços extremamente valiosos, mas ainda não podemos decretar a vitória absoluta. Essa guerra ainda está longe de acabar.
O grande problema de tomar o poder é nos tornarmos acomodados e preguiçosos. Com os recentes acontecimentos da catástrofe ambiental no RS, percebemos que o nosso maior inimigo continua sendo a livre iniciativa e pessoas ajudando umas as outras sem a devida organização estatal tomando conta da situação. Isso traz um enorme risco para a estabilidade democrática, pois quanto mais pessoas perceberem que o estado é uma máquina gigante e ineficiente, maior a probabilidade delas dependerem cada vez menos e criarem comunidades locais cada vez mais fortes. Por isso que devemos continuar atacando o verdadeiro inimigo: a família, a igreja, a comunidade, o senso de solidariedade. Podem parecer coisas positivas, mas os camaradas não podem se iludir. Nós precisamos que o estado tome conta de tudo isso. Portanto eis um guideline para os nossos aliados:
Continuar o ataque ao núcleo familiar: está funcionando muito bem, mas temos que reduzir um pouco à intensidade pois muitas famílias já estão acordando para a situação atual. A pauta para promoção de doenças mentais e transtornos de gênero deram certo, principalmente usando o impulsionamento das redes sociais alinhadas aos valores democráticos, mas o movimento está perdendo força, não soubemos ajustar adequadamente a dosagem. Até mesmo pessoas alinhadas às nossas idéias estão cansadas de pauta woke em propaganda, série, filme e videojogos. Devemos voltar a dominar o assunto em sala de aula e plantar as sementes mais discretas da revolução nos mais vulneráveis.
Controle das redes sociais: estávamos avançando rapidamente com esse tema, mas recentemente o bilionário nojento do Elon Musk começou a propagar idéias extremistas travestidas de livre expressão, como por exemplo questionar a autoridade de nossos líderes supremos, e isso trouxe uma ameaça bastante séria para a manutenção do status atual. Se esse castelo ruir de alguma forma estaremos em apuros. Temos que continuar o ataque, seguindo o exemplo do nosso camarada canadense Trudeau, que tem feito um trabalho excepcional.
Fechar as portas de saída: infelizmente a ameaça maior do bitcoin continua muito forte. Muito mais pessoas agora tem acesso a esse tipo de informação e aquele baiano maluco virou mainstream e difundiu a idéia de desinvestir nas instituições democráticas e na bolsa de valores brasileira, que sempre favorece os campeões nacionais alinhados ao regime. Por sorte, a maioria da população não sabe nem ao menos matemática básica, mas se uma parcela pequena mas relevantes de produtores começarem a adotar o bitcoin como poupança e também como meio de troca em transações, isso pode se tornar um risco gravíssimo.
Em resumo, as nossas ameaças mais graves são representadas por: famílias sólidas, numerosas e fortes; independência financeira inconfiscável com o uso de bitcoin; comunidades locais fortalecidas e a liberdade de expressão nas redes sociais com idéias antidemocráticas.
Nós vencemos muitas batalhas, mas a guerra está longe de terminar. Estamos fortes, mas jamais acomodados. Os fascistas devem continuar na posição de sempre: produzindo riqueza que possa ser facilmente tributada e confiscada em favor da nossa pauta, e devemos continuar redirecionando essa riqueza para os nossos camaradas que nada produzem mas que estão alinhados conosco.
Viva a democracia!
Perfeite. Abaixe os fascistes.
Bom dia, porque no tutorial de geração de Seed o IanColleman não é citado? Não seria tão confiável quanto os outros?